Divagar divagarinho

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25 de julho de 2020

 

Festa de São Tiago


Os santos são santos e merecem a veneração que lhes dedicamos. Mas é mais fácil para nós, agora, venerá-los, do que no tempo que lhes foi contemporâneo. Há uma certa relação entre santidade e perseguição, que não implica na atribuição de santidade ao que quer que seja apenas por sofrer a perseguição, mas não existe santo que não a tenha sofrido.

Hoje podemos ver São Francisco, São Bento, São Benedito, Santa Joana D'Arc, etc., já consagrados pela história depois de o terem sido por Deus, mas em seu próprio tempo, e sabe-se lá por quanto tempo depois, é mais provável que eles tenham sido vistos como São João Paulo II, Santa Madre Teresa de Calcutá ou São Josémaria Escrivá, canonizados mas, ainda assim, suspeitos.

O fato é que os santos não nasceram santos, e o seu caminho rumo à santidade dificilmente terá sido um caminho reto e plano. Justamente pelo contrário, quem caminha, mesmo rumo à santidade, dificilmente evitará se sujar na poeira da estrada. Isto não justifica qualquer pecado que seja, mas dentro de uma redoma de cristal totalmente esterilizada dificilmente se encontrará a santidade, a não ser no caso de relíquias e estátuas de santos que já estão com Deus no céu.

São Tiago, o Maior (de quem celebramos a festa hoje), por exemplo, ficou mal-visto pelos outros apóstolos, junto com seu irmão São João, graças ao pedido da mãe deles para que os filhos ficassem um à direita e o outro à esquerda no Reino de Deus, que os queria destacados entre os apóstolos como o eram para ela. Além disto, ele e o irmão foram repreendidos por Jesus, que lhes explicou que não veio para perder, e sim para salvar almas, depois que eles sugeriram a Jesus queimar com o fogo do céu aos samaritanos que haviam recebido mal o Senhor (o que rendeu aos dois o apelido de Boanerges, que significa Filhos do Trovão, por causa do seu temperamento). Depois da ressurreição de Cristo, a crença popular sugere que passou por Portugal e Espanha (onde termina o famoso caminho de Santiago de Compostela), mas por fim, morre martirizado por Herodes em Jerusalém mesmo, e se torna o único apóstolo cuja morte foi narrada na Bíblia (em At 12).

Talvez São Tiago possa ter sido visto como um "filinho da mamãe", na melhor das hipóteses, ou como um homicida em potencial, depois de querer queimar os samaritanos, mas não estamos mais nos primórdios da Era Cristã para saber o que poderiam ter pensado dele, além do relato bíblico de que os outros apóstolos não gostaram do pedido da mãe dos Boanerges.

Seja como for, o santo não foi um santinho bonitinho e este é o ponto sobre 2Cor 4,7: nós somos estes vasos de barro, tais como qualquer santo, nos quais está contido o tesouro que é o esplendor da luz de Deus. Quando este esplendor se confunde com o barro no qual está contido, surgem os triunfalismos e as teologias da prosperidade que levam tanta gente a julgar que pode se apropriar do esplendor de Deus. Isto é uma lástima, mas ao menos serve para identificar de onde a santidade passa longe: destes vasos que se julgam pura luz.

Na dúvida, sempre é melhor desconfiar de qualquer santo que não tenha sido canonizado e que ainda não tenha ido para o céu junto de Deus. Incluindo cada um de nós, também. Mas é igualmente bom e conveniente não descartar os meio suspeitos, que pode ser que não valham nada mesmo, já que não é o serem suspeitos que os faz santos - mas não existe santo que não tenha sido meio suspeito (a começar por Cristo, que além de suspeito, foi julgado, condenado e executado ante de ressuscitar gloriosamente).

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