Divagar divagarinho

Liberdade - essa palavra que o sonho humano alimenta: que não há ninguém que explique, e ninguém que não entenda!
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30 de outubro de 2007

 

regimes

Em processo de redução de ingestão de porcarias (que correspondem a 90% da minha dieta diária básica) e de cigarro.

Sabe lá o que vai dar essas coisas...




23 de outubro de 2007

 

Paraná - Minas Gerais

Toledo deveria chama-se "Tolhendo". Nenhuma cidade tem a obrigação de ser boêmia, e nem mesmo de favorecer a boemia. Mas impedi-la diretamente, positivamente... é muito chato uma cidade que morre às oito da noite. Nem as vovós devem suportar isso. Segundo contou um garçom local, a cidade era, há tempos atrás, como qualquer outra - incluindo a violência; como fizeram para diminuir a violência? Acabaram com a vida noturna da cidade, simplesmente. Um pouco como acabar com uma doença matando os doentes - faltou pouco para isso. Enfim, uma cidade chata.

Uberlândia é uma cidade extensa. Assim como Toledo, não posso dizer "conheço a cidade". Mas é mais interessante do que Uberlândia: você pode conhecer a cidade toda com R$ 2,00, descendo apenas nos terminais e pegando, neles, os ônibus "vermelinhos", algo assim. Muito legal.

 

05/68

O Maio de 68 começou de maneira quase inocente: estudantes reivindicando o direito de conviver com estudantes do sexo oposto. Mesmo estudantes homossexuais, eu acho, saíam perdendo com essa barreira de gênero que existia nas escolas francesas: mulheres e homens têm uma formação cultural muito semelhante, dentro do seu próprio gênero, e esse contato, independente da orientação sexual, arejava a maneira de ver - e de viver - o mundo para alguém daquela época.
Mas o Maio cresceu e foi além disso: transformou-se em uma mobilização geral na França, envolvendo, além dos estudantes, operários e intelectuais.

O que estava em jogo era a cristalização, a modorrice, a imutabilidade do comportamento. Não bastava uma vida tediosa, ela precisava ser forçosamente, deliberadamente e calculadamente tediosa; a palavra de ordem era reprimir-se e reprimir aos outros.

O resultado, a longo prazo, aparentemente fracassou: basta a vitória de Sarkozy para confirmar isto. Mas houveram, também, digamos assim, "lucros": especialmente Capitalismo e Esquizofrenia, para citar algo que eu conheça minimamente.

Mas também ficou a nostalgia - "essa saudade que eu sinto de tudo o que eu ainda não vi", talvez - e lembrança de que o mundo, mesmo hoje, não precisa necessariamente ser tão chato.

13 de outubro de 2007

 

Ouvido

Ouvir MM é bom. Cantar junto também. Os vizinhos somente concordam com a primeira afirmação.

12 de outubro de 2007

 

O Segundo Sexo

Se for possível dar crédito a Simone de Beauvoir, a opressão feminina é consequência, basicamente, da repetição incessante de uma condição estabelecida na aurora disso que hoje se reconhece como civilização.

Em um tempo quando era necessária, principalmente, a força física para defender-se e defender ao bando (ou clã, gens, etc), e uma certa regularidade da disponibilidade total do seu corpo, as mulheres acabaram por ficarem relegadas à proteção masculina: uma mulher grávida não dispõe da mesma força de um homem para lutar ou caçar.

Até este ponto ainda não se oprime as mulheres. Mais tarde, com a invenção de ferramentas para a caça e também para a agricultura, novamente as condições físicas das mulheres colocam-nas sob a proteção masculina. Mas, então, eis que os homens começam a querer expandir os campos cultiváveis, caçarem mais: isso demanda mais pessoas trabalhando. Em guerras, os vencidos tornam-se escravos, pessoas que são propriedades particulares de outras, e são utilizados para derrubar florestas que cederão espaço a campos cultiváveis. Da posse de uma pessoa como propriedade privada à posse da terra como propriedade privada foi um pulo.
Esses homens reconheceram-se semelhantes entre si: reconheceram em si um grupo caracterizado pela capacidade de expandir, principalmente, suas próprias capacidades. Este grupo, ao mesmo tempo em que afirmou-se como soberano, não reconheceu nas mulheres, presas aos encargos que a natureza lhes punha, semelhantes: então escravizou-as.

Elas, porém, não constituíram, assim, um grupo à parte: elas mesmas reconheciam o desejo de expandir-se, comum a toda espécie humana mas realizado então somente nos homens, e, de fato, aceitaram esta primazia.

Não se trata de afirmar que foram as mulheres que se colocaram na condição de escravas: elas foram escravizadas e disso deriva a abjeção ao machismo. Se trata de afirmar que nem mulheres nem homens deram-se conta do seguinte fato, dito nas palavras de V. Solanas, no S.C.U.M. Manifesto: "Nada, humanamente, justifica el dinero ni el trabajo. Todos los trabajos no creativos (practicamente todos) pudieron haberse automatizado hace tiempo". As ferramentas desenvolveram-se em função das necessidades de caça masculinas, e não das necessidades femininas. Nem eles olharam pasa elas e disseram "bom, agora vamos ver o que vocês precisam", e nem elas disseram "bom, agora vamos ver do que nós precisamos".

Tais condições permitiram, em tempos remotos, que os homens relegassem as mulheres à condição de "pessoas de segunda categoria" (como Eva, criada por deus como Adão, mas para este e a partir do corpo deste), e permitiram que as mulheres convencessem-se disto (pois não basta que eu lhe diga "você não vale nada", você precisa concordar comigo para que eu possa valer mais do que você).

Se eu entendi bem o que li em Simone de Beauvoir, a questão é esta.

Pessoalmente, quer dizer, não estamos mais falando de Simone de Beauvoir, acho que reduzir as pessoas às suas condições biológicas é, no mínimo, medíocre. O corpo vivido é mais imperativo do que o corpo físico descrito pelos cientistas (idéia retirada de Simone de Beauvoir, mas faço minha a idéia dela). E, eu acho, ainda é este o vetor da opressão sobre as mulheres na sociedade: o confinamento das mulheres à espécie, à natureza, a essas coisas.

10 de outubro de 2007

 

Infinito singular

Eu admito que gosto da solidão. Quer dizer: gosto de silêncio, gosto de não precisar dar muitas explicações, gosto de ser uma coisa meio misteriosa (mas é só mistério, não tem segredo), turista.

Porém, isto às vezes pesa. Não a solidão por si. Convivo com algumas pessoas com quem é possível, perfeitamente, "estar juntos a sós", digamos assim. Não sou anti-social, veja bem. Mas é que adoro uma vida tranquila. Gosto de sair de uma festa e ter depois tranquilidade. Eu não poderia nunca ser o herói de nenhuma aventura: não há nada pior para mim do que viver 24 horas sob pressão.

O que pesa, mesmo, é a impossibilidade de fugir dessa solidão. Ser objeto de interesse de qualquer pessoa, nem se fala: nem isso me frustra mais. O que incomoda - e, admito, só às vezes, mas com certa frequencia - é não estar em lugar algum no mundo. Se digo que sou estudante, lembro que a faculdade está trancada. Se digo que trabalho, lembro que qualquer máquina bem projetada, ou mesmo um macaquinho bem inteligente, poderia fazê-lo tão bem quanto eu. Se digo que sou homem, lembro que virilidade e masculinidade são coisas até um pouco abjetas para mim. Se digo que sou heterossexual, lembro que existem homens interessantes; se digo que sou gay, lembro que existem, mais ainda, mulheres interessantes; se digo que sou bissexual, lembro que meus gostos não são tão equilibrados assim; e que, de qualquer maneira, somente simpáticos cachorrinhos e preguiçosos gatinhos têm maior interesse por mim. Se eu digo que sou brasileiro, lembro que não possuo um pingo de orgulho nacionalista. Se eu digo que sou humano, lembro que este é o conceito mais vago e mal-estruturado, ou pelo menos que é um dos mais vagos e mal-estruturados que existem. Se eu trabalho com informática, lembro que informática é a coisa mais chata do mundo (a única ciência exata onde não se sabe com exatidão onde está o problema que não se resolveu reiniciando o computador - aliás, a única ciência exata que tem uma solução mágica: reiniciar o computador). Se eu estudo, lembro que não consigo ler mais do que uma hora corrida. Dançar talvez seja a única coisa que faço sem objeções pessoais, mas dançar é algo corpóreo, e meu corpo redondo e peludo está longe de ser algo interessante.

E se eu reclamo de tudo, eu lembro que é possível ir levando, consertando as coisas aqui e ali.

Mas é muito difícil para mim, de maneira geral, essa singularidade excessiva.

8 de outubro de 2007

 

de A a G

a) o inferno são os outros
b) relacionar-se com outras pessoas é difícil
c) até aí, tudo bem; o problema são alguns relacionamentos terrivelmente insatisfatórios
d) quer dizer: o problema não são os relacionamentos difíceis, e sim os "estéreis", digamos
e) por isso, o inferno são os chatos (de todas categorias e graus: desde as malas até pessoas fascistas, intolerantes, etc)
f) o inferno, na verdade, são as pessoas intrometidas - as que se intrometem, e que insistem na intromissão
g) ou seja, aquelas que não percebem que são intrometidas, pelo contrário, pensam que estão no seu direito se intrometendo

Todas essas frases valem tanto isoladamente, quanto "conectadas" umas às outras, seja na ordem em que foram escritas, seja na ordem inversa, ou em alguma outra ordem também.

7 de outubro de 2007

 

Eu sinto bucolismo

Como classificar "Pernambucobucolismo"?
Certo: MPB. Mas, e além disso?
Rock? Não é um samba. Nem forró, axé ou funk. Não se enquadra como jazz ou blues.
Sei lá, se eu entendesse de música...
Mas me parece algo um pouco psicodélico, "low psicodélico", se é que existe - mais ou menos como psy trance, na música eletrônica.

Sei lá, acho que não me importa como classificar a música. Ela só é maravilhosa, espantosamente maravilhosa.

4 de outubro de 2007

 

Divagações

Porque aquele desenho ali em cima?
- Eu queria uma imagem colorida, e aquela foi uma das únicas que couberam legal dentro do espaço para imagens, e eu gostei dela, também, porque aparece uma pessoa (que para mim é uma senhora) colhendo as flores.

Porque "Auto-cartografia"?
- Porque eu ando lendo Deleuze demais. Quer dizer, não ando lendo ele demais, e, sim, deslumbrado demais, querendo "cartografar" tudo, encontrando rizomas em todas as partes, e fazendo esquizo-análises de todas as pessoas - sem entender muito bem ainda o que é tudo isso, note-se. Vou retornar ao título antigo, é mais legal.

O que você anda fazendo?
- Preparando uma comunicação para apresentar em um desses intermináveis congressos de filosofia. Eu ia apresentar algo sobre Deleuze, um livro chamado Mil Platôs, mas mudei de idéia, vou apresentar Simone de Beauvoir, mais precisamente, um livro dela chamado O Segundo Sexo.

O que mais você quer dizer mas que não encontrou nenhuma pergunta sensata onde pudesse fazê-lo?
- Um dos melhores textos que li foi o S.C.U.M. Manifesto, de Valérie Solanas. Muito bom.

Você quer dizer mais alguma coisa?
- Não. "Você" quer dizer "você", e não "mais alguma coisa".

Na verdade, "você" quer dizer "você", e não eu. "Eu" faço as perguntas, "você" responde as respostas.
- Mas sou eu quem estou fazendo estas perguntas e respondendo estas respostas.

Quer dizer que você sou eu, e eu sou você?
- É um modo de colocar as coisas, isso aí que você disse. Mas você não quer dizer mais alguma coisa, de maneira alguma.

Não quero mesmo.
- Ok então.