Divagar divagarinho

Liberdade - essa palavra que o sonho humano alimenta: que não há ninguém que explique, e ninguém que não entenda!
Visite:  ||  Instituto Humanitas Unisinos - IHU.  ||  Religión Digital  ||  Site do Vaticano  ||  Agencia Informativa Latinoamericana S.A.  ||  Radio Reloj  || 
Creative Commons License Powered by Blogger

Arquivo de postagens: dezembro 2006   janeiro 2007   fevereiro 2007   março 2007   abril 2007   maio 2007   junho 2007   julho 2007   agosto 2007   setembro 2007   outubro 2007   novembro 2007   dezembro 2007   janeiro 2008   fevereiro 2008   março 2008   abril 2008   junho 2008   julho 2008   agosto 2008   setembro 2008   outubro 2008   novembro 2008   fevereiro 2009   abril 2009   maio 2009   fevereiro 2011   março 2011   junho 2011   março 2017   abril 2017   maio 2017   junho 2017   outubro 2017   abril 2018   agosto 2018   setembro 2018   janeiro 2019   abril 2019   maio 2019   junho 2019   setembro 2019   novembro 2019   dezembro 2019   janeiro 2020   fevereiro 2020   julho 2020   agosto 2020   setembro 2020   outubro 2020  



4 de dezembro de 2019

 

Quinta-feira da primeira semana do Advento

Ghandi e Sócrates são dois personagens que ilustram, do ponto de vista cristão, a ação de Deus que ultrapassa quaisquer fronteiras visíveis da Igreja: um pacifista e um sábio politeístas, cujas vidas e ideias testemunham princípios e valores que coincidem muito com princípios e valores cristãos. Pagãos que, apesar disto, podem facilmente ser chamados de "cristãos na prática" - pelo menos para efeitos ilustrativos.

Aí lemos no evangelho de hoje que "quem ouve estas minhas palavras [as de Cristo] e as põe em prática é como um homem prudente, que construiu sua casa sobre a rocha." (Mt 7,24) e imaginamos que pessoas como Ghandi e Sócrates construíram suas casas sobre a rocha. E poderíamos pensar que basta ser gente boa e corajosa como os dois grandes nomes.

Mas sem desmerecê-los e nem à ação invisível de Deus fora dos limites (visíveis) da Igreja, nobres pessoas cuja prática coincida com as palavras de Cristo podem até servir, entre outras funções, como um puxão de orelha aos cristãos ("tem pagão que é mais cristão que os que vão à igreja!!!!"), mas não são fontes de inspiração para os cristãos.

Pois neste evangelho, em que Cristo pede que traduzamos suas palavras em prática, ele também pede, indiretamente, que o ouçamos antes de praticá-las.

Ele exemplifica duas situações que ilustram o significado das relações entre ouvir e praticar: na primeira, quem ouve suas palavras e as pratica foi identificado com quem construiu sua casa sobre a rocha, um fundamento firme e estável, enquanto que quem ouve sem praticar se identifica com quem construiu sua casa sobre a areia, que não sustenta nem um puxão mais forte.

Muitas vezes podemos concluir que a fé em Deus resulta - ou deve resultar - em uma prática cristã, o que é uma conclusão correta, mas parece que aqui aparece um elemento novo nesta relação entre fé (as palavras de Cristo) e prática: está fundamenta aquela. Então este "sistema" fé-prática parece se estruturar como a fé sendo a precursora de uma determinada prática, e uma prática que estabiliza e sustenta a fé.

A prática das palavras de Cristo é mais do que um resultado, uma consequência: ela é também os muros da cidade fortificada mencionada por Isaías (Is 26,1) que protegem a fé. Se é verdade que a fé é mais importante que a prática, também é verdade que sem a prática a fé se esvai como a casa construída sobre a areia.

Pessoas como Ghandi e Sócrates podem até estar sobre uma rocha mais firme do que muitos cristãos, mas é como se vivessem sobre esta rocha à mercê do tempo, desabrigados sobre um firme piso nú sem sentido. Entre eles e aqueles que dizem "Senhor, Senhor" mas não praticam o que Cristo disse, devem se posicionar os cristãos, lembrando-se de fundamentar bem a sua fé com a prática - e também de oferecerem a casa que são as palavras de Cristo, tanto aos que vivem sobre uma rocha nua, quanto aos que vivem sobre a areia, abrigados ou não.

Comments: Postar um comentário



<< Home