Divagar divagarinho

Liberdade - essa palavra que o sonho humano alimenta: que não há ninguém que explique, e ninguém que não entenda!
Visite:  ||  Instituto Humanitas Unisinos - IHU.  ||  Religión Digital  ||  Site do Vaticano  ||  Agencia Informativa Latinoamericana S.A.  ||  Radio Reloj  || 
Creative Commons License Powered by Blogger

Arquivo de postagens: dezembro 2006   janeiro 2007   fevereiro 2007   março 2007   abril 2007   maio 2007   junho 2007   julho 2007   agosto 2007   setembro 2007   outubro 2007   novembro 2007   dezembro 2007   janeiro 2008   fevereiro 2008   março 2008   abril 2008   junho 2008   julho 2008   agosto 2008   setembro 2008   outubro 2008   novembro 2008   fevereiro 2009   abril 2009   maio 2009   fevereiro 2011   março 2011   junho 2011   março 2017   abril 2017   maio 2017   junho 2017   outubro 2017   abril 2018   agosto 2018   setembro 2018   janeiro 2019   abril 2019   maio 2019   junho 2019   setembro 2019   novembro 2019   dezembro 2019   janeiro 2020   fevereiro 2020   julho 2020   agosto 2020   setembro 2020   outubro 2020  



1 de dezembro de 2019

 

Primeiro domingo do Advento de 2019

Nem toda a gambiarra é pecado, mas todo pecado é uma gambiarra. Adão e Eva, que não conheciam a morte, arriscaram facilmente a vida eterna em troca de uma fake news - a serpente disse a verdade sobre o conhecimento que daria comer o tal fruto proibido, e diante desta expectativa, radiosa como como a visão do fruto, foi fácil ignorar a parte do  "oh, não morreireis" (Gn 3,4), pois Deus disse a verdade, e a serpente, a mentira seguida de uma constatação verdadeira e inegável. A acusação mais ou menos frequente contra Deus, de que sonegou um conhecimento e por isso foi bem-feito que a serpente corrigiu esta sonegação é deste tipo de meia-verdade, aliás; pois Deus não sonegou o conhecimento quando permitiu que eles comessem tudo o que houvesse no Jardim do Éden nem escondeu a existência da árvore-do-conhecimento-do-bem-e-do-mal, mas só pediu que ninguém comesse do seu fruto. A gambiarra foi Adão e Eva julgarem que a serpente deveria ter razão sobre a morte, pois tinha razão sobre a expectativa de conhecimento contida no tal fruto.
A polarização política atual é apontada como um problema sério etc., mas é outra meia verdade do tipo "oh, não morrereis", pois encobre sistematicamente o ódio vivido como "ódio verdadeiro justificado" direcionado contra o outro polo, seja qual for este polo. O surto de histeria coletiva atual é fruto apenas do ódio, e não da polarização - embora o problema não seja o ódio pura e simplesmente, mas um ódio sistemático, explorado na divulgação de ideias que certamente farão o outro lado sentir muito ódio (seja o elogio ao AI-5, seja o empoderamento das minorias, por exemplo).
O retorno de Cristo, imprevisível como um assalto, é negado de duas maneiras: uma é não contar com a possibilidade deste retorno ou, igualmente, colocá-la muito no futuro, e a outra, colocando-a no presente.
Se Cristo não voltará ou se voltará daqui a 200 anos, então não há problema em ignorá-lo; e se Cristo voltará amanhã ou dentro de cinco minutos, também não há problema em ignorá-lo, pois não adianta fazer mais nada.
A verdade é que "na hora em que menos pensais, o Filho do Homem virá" (Mt 24, 44) e, portanto, o conhecimento do futuro, negado por Deus, é transformado em previsões de inovadoras ditaduras das minorias ou de reedições de velhas ditaduras.
Se Cristo estivesse a caminho, a uma distância indeterminada, seria mais lógico promover o bem que ele traz consigo. Mas como Cristo não vem ou já chegou  e a maioria ainda não viu - uma gambiarra em forma de crença - todo o ódio aparenta a leveza de uma inconsequência inócua: já que afinal conhecemos o bem e o mal, podemos impor o primeiro e combater o segundo, seja porque Cristo vai demorar, seja porque já não há amanhã.
Entre o imprevisto retorno e o improviso do ódio, ceder ao medo é tomar partido da serpente das meias-verdades reeditadas como as fake news "de que tanto tem se ocupado a imprensa" (O Circo Místico).

Comments: Postar um comentário



<< Home