Divagar divagarinho

Liberdade - essa palavra que o sonho humano alimenta: que não há ninguém que explique, e ninguém que não entenda!

10/09/2018

 

Prem Baba

A notícia sobre a acusação de abuso sexual contra o Prem Baba me levou a refletir sobre a minha passagem por uma comunidade tântrica que oferece a possibilidade de cura pelo sexo.

Seria injusto não explicar o que (eu penso que) eles entendem que fazem, pois seus terapeutas e mestres realmente acreditam estar revolucionando a saúde, o sexo e a espiritualidade humanas.

Enquanto eu estava lá a proposta era dessexualizar o sexo e canalizar o prazer sexual obtido por meio do contato não sexual para uma cura a princípio psicológica, que poderia evoluir para uma cura física baseada na crença de que os males físicos são o resultado da somatização de bloqueios psicológicos.
A partir daí, as barreiras para a autorrealização integral (manifestada pela prosperidade material) cairíam; além disto, o prazer sexual entre duas pessoas poderia ser potencializado (embora o sexo terapêutico não fosse um serviço oferecido pela empresa, duas pessoas poderiam praticar um sexo tântrico-terapêutico entre si, e o ensino da prática deste sexo era um dos serviços oferecidos na comunidade, embora os terapeutas apenas orientassem as práticas sexuais, sem no entanto participarem delas enquanto as ensinassem); e ainda havia a possibilidade de uma pessoa, enfim curada, tornar-se ela própria uma terapeuta.
Embora houvessem pessoas que desvirtuassem os propósitos da comunidade (o centro onde a empresa oferece os seus serviços), os seus dirigentes desestimulavam e puniam (proibindo o uso do nome da empresa) terapeutas e aprendizes que fossem flagrados fazendo isto.

Feitas estas considerações, eu penso, hoje, que estas terapias sexuais são um sintoma da opressão sexual em que vivemos, que coloca todas as respostas no sexo, sobrecarregando-o de responsabilidades: fazer bem à pele, aliviar a tensão, afirmar-se, conhecer o próprio corpo, sentir aceitação, manter a atenção de outra pessoa, etc.

Oprimir o sexo poderia ser uma metáfora, mas quando o sexo se torna uma ferramenta de auto-conhecimento, um caminho para a interiorização e todo esse tipo de coisas, o peso do resultado recai sobre o outro ou sobre a própria pessoa, e o sexo sempre vai fracassar quando se tenta usá-lo para tudo isto, e o sofrimento do fracasso recai sobre quem transou.

Eu sou católico e, portanto, minha opinião sobre isto não é isenta: mas não existe nada que se consiga com o sexo que se consiga de um jeito melhor por outros meios. A não ser bebês.
Com exceção da reprodução humana, o sexo se tornou o que os remédios alopáticos são para os homeopáticos: um tratamento intenso, tóxico, e pontual, porque - tanto o sexo quanto a alopatia - resolvem as coisas somente superficialmente e a curto prazo. 

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