Liberdade - essa palavra que o sonho humano alimenta: que não há ninguém que explique, e ninguém que não entenda!
Eu não me recordo quando foi que Boris Casoy "deixou escapar" seu desprezo para com os lixeiros que desejavam felicidades ao público da Band, mas me recordo da indignação, relativamente expressiva, que isto causou na época. Uma indignação mais do que justificada, pois desprezar alguém baseando-se em sua profissão não é diferente de desprezar alguém por conta de sua cor, nacionalidade, orientação sexual, religião, gênero, etc. Como estamos em um país livre, as pessoas tem liberdade de desprezarem quem quiserem pelo motivo que for, mas eu também me dou liberdade para supor a mentalidadezinha medíocre que sustenta um desprezo baseado no que foi mencionado na frase anterior. Bom, agora você já sabe o que o Boris despreza e o que eu desprezo também.
Mas a minha intenção era mesmo falar do Tiririca. Para mim, a única coisa divertida que ele fez foi Florentina, e se nunca tivesse feito, também não faria falta (besteira por besteira, a Eguinha Pocotó é bem mais engraçada, mas não quero tirar os méritos da Florentina). E que ele tenha sido indicado para a Comissão de educação da Câmara dos Deputados, por mim, também tanto faz. Eu sei que eu deveria me importar mais com quem compõe cada comissão no Congresso, mas o fato é que eu não faço a menor idéia de quem sejam seus componentes - a minha atenção política não vai tão longe assim.
Mas todo este celeuma por causa da indicação do Tiririca para esta comissão é muito parecida com a reação do Boris Casoy às falas do lixeiros. "Do alto das suas vassouras" não é muito diferente de "do alto do seu suposto analfabetismo".
Eu não estou sugerindo que saber ler e escrever não seja um pré-requisito fundamental para exercer atividades parlamentares. Mas, até onde eu entendi, o tal juiz atestou a alfabetização do palhaço. E não vi ninguém se decepcionar com o juiz, nem lamentar o abestado atestado do juiz.
Se não é pelo suposto analfabetismo, a revolta das pessoas com a indicação só pode se basear na profissão do deputado, o que multiplica o número de Bóris Casoys por aí, revoltados com lixeiros desejando felicidades na TV e palhaços opinando sobre a educação na Câmara. Como se o congresso não estivesse entupido de jornalistas, advogados, professores, economistas, engenheiros e
sabe-se lá que outras profissões. Mas pode ser que as pessoas tenham se indignado com a indicação por outros motivos, e eu é que não tenha entendido bem as coisas.
A questão é que economista cuidando da saúde, por exemplo, pode, mas palhaço cuidando da educação, não.
Sinceramente, eu não acho que o Tirirca vá fazer grandes coisas na Câmara (e tomara que eu esteja errado), aliás, se cinco deputados quaisquer fizerem grande coisa, vou me surpreender. Só que essa desaprovação à indicação do Tiririca por ser o Tiririca mostra apenas mostra que estas pessoas são elas próprias aquilo que julgam que o Tiririca é.