Liberdade - essa palavra que o sonho humano alimenta: que não há ninguém que explique, e ninguém que não entenda!
Anthony Hopkins (esqueci o nome do personagem) é um cientista (antropólgo, biólogo ou zoologista, sei lá) que estuda macacos em uma floresta no continente africano. Um belo dia ele desaparece na selva e, quando é encontrado, mata dois guardas. Cuba Gooding Jr. (cujo nome do personagem também esqueci) é um estudante de psicologia (aparentemente, do mestrado ou doutorado, creio eu) que se propõe a analisar o cientista e descobrir porque ele reagiu daquela maneira, e o resto eu não vou contar.
Institno é um filme bem velho já (de 99), mas pode-se usá-lo em diferentes questões (se eu fosse pedagoga, diria que pode-se fazer muitas leituras dele - eu não gosto dessa expressão, mas o pior é que ela é muito útil). Uma das questões que aparecem é a arrogância humana. Não que este seja o tema central do filme (que poderia ser algo como "quem é o louco da história?", ou "quem é o animal irracional da história?"), mas a arrogância é um detalhe do núcleo de idéias centrais do filme, pelo menos.
Em determinada altura do filme, o personagem de Hopkins fala de um tempo em que a humanidade não plantava nem matava mais do que o necessário para comer - que é o que faz o restante da natureza. Acho que nisso consiste um dos principais sinais da arrogância humana (sem contar os sinais óbvios que podem ser observados nas relações entre as pessoas): dominar a natureza. Essa arrogância, mais do que uma possível extinção da espécie humana no futuro (o que não é uma consequência tão má, afinal), resulta, hoje em dia, na miséria de muitas e muitas pessoas, diariamente. E não somente uma miséria financeira - que de todo modo é uma das mais urgentes. Mas também uma miséria existencial, ou uma vida miserável. Claro que você pode ser feliz com pouco, mas se existem condições para que a vida de uma maioria miserável melhore, para quê manter essa maioria com o mínimo indispensável apenas para conseguir ir trabalhar durante a semana e somente repor as energiar no fim de semana? Ah, claro, porque seria necessário reduzir a fortuna dos poucos que têm mais, muito mais, aliás.
Não se trata de ter pena dos pobres-coitados que vivem com menos de não sei que miséria de dólares por dia no mundo, e sim de que, com certeza, quando a maior parte das pessoas vive em condições sub-humanas, as que vivem em uma condição praticamente sobre-confortáveis vivem constantemente com medo: vivem mal também, a sorte é que têm dinheiro para viverem chapadas com direito a receita médica.
Fala-se mal do Islã (às vezes com razão, muitas vezes sem), mas aqui, no "glorioso" Ocidente, há menos democracia do que lá (e a situação das mulheres não é argumento, pois, por mais que tenhamos a Lei Maria da Penha - que só agora foi indenizada, por sinal - e Delegacias de Mulheres, a maioria das ocidentais que não vivem em países desenvolvidos, se não usam burca, usam escoriações, hematomas ou traumas psicológicoso como adorno): a opressão, nos países islâmicos, possui limites, pelos menos. Não que eu ache que devemos, então, regulamentar a opressão como acontece lá. Só acho que a situação é menos horrenda (comparativamente, claro, pois eu não estou querendo dizer que eu conseguiria - e nem que gostaria de - ser islâmico), mesmo que não deixe de ser horrenda.
Eu não se se me perdi demais do que eu queria dizer, mas o que eu queria dizer, mesmo, era isso.
Li uma ambientalista que falou que os mosquitos nunca vão dominar o mundo, porque, apesar de serem muitos e de se reproduzirem rapidamente, eles próprios matam uns aos outros, o que é um controle populacional excelente - isso ela disse como argumento contra os inseticidas e coisas assim. Mas acho que a arrogância humana é o "humanicida" mais eficiente que há, e, tal como os mosquitos, as pessoas matam-se a si próprias. Ao invés de tentar dominar a natureza, talvez fosse mais conveniente tentar dominar a própria humanidade (não um domínio de uma pessoa sobre outra, mas a maioria das pessoas terem acesso ao controle - e a um domínio - maior de suas próprias vidas).