Divagar divagarinho

Liberdade - essa palavra que o sonho humano alimenta: que não há ninguém que explique, e ninguém que não entenda!
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27 de janeiro de 2008

 

De canto

Eu não espero das pessoas uma heróica lealdade a mim, como se eu fosse um rei. Mas dos meus amigos eu espero confiança. Nos dois sentidos: espero que saibam que podem confiar em mim; mas espero que eu possa confiar neles. E não penso que confiança em coisa pouca seja bobagem. Dizem que você conhece o caráter de uma pessoa superior pela maneira como ela trata as pessoas inferiores. Eu desconfio muito desta distinção entre pessoas inferiores e superiores, mas acredito na distinção entre coisas superiores e inferiores, e assim adapto a sabedoria popular ao meu modo: você mede a confiança que pode ter nas pessoas pela confiança que elas demonstram ter nas coisas pequenas.

Se eu marquei com uma amiga minha de que eu iria ficar esperando ela em casa, me irrita muito o fato de que, para esperá-la, eu tenha deixado de passar na minha avó porque estava esperando-a, me irrita muito o fato de que por estar esperando ela eu tenha ido mais tarde à locadora, me irrita muito o fato de que, por esperá-la, eu tenha deixado de fazer um monte de pequenas coisinhas imaginando que, quando ela chegasse, faríamos juntos ou eu deixaria de fazer, dependendo de quem convencesse quem; me irrita também o fato de que eu deixei de ir comprar coisas gostosas no mercado porque tínhamos combinado de sair, e também o fato de que eu tenha deixado de sair com outras pessoas porque eu já havia combinado com a minha amiga de sair com ela, e, por consequência, me irrita o fato de que não só ela não veio, como não veio porque foi sair com outras pessoas. Também me irrita que eu tenha descoberto isso quando vi ela sentada com os amigos no bar onde eu fui comprar cigarro (teria ido mais cedo se ela tivesse chegado, ou se tivesse avisado de que não viria). Conhecendo-a como eu conheço, ela provavelmente viria falar comigo nos próximos dias, pedindo desculpas por não ter vindo porque saiu com seus amigos. Mas pior para ela que eu a encontrei antes de que ela viesse falar comigo.

Muitas coisas me irritam, e não quero deixar minha irritação passar batida. Mas o pior é a mágoa pela falta de confiança. Pode ser excesso de cuidado da minha parte, mas se eu combino uma coisa com alguém, e percebo que vou me atrasar, ou que não poderei ir, faço o impossível para avisar (depois de ter fracassado fazendo o impossível para cumprir o que prometi). Claro que eu não espero que as pessoas, por sua vez, façam o impossível para cumprir e, caso não o consigam, façam o impossível para me avisar. De maneira alguma. Mas espero que façam um pouco mais do que o mínimo para cumprirem o prometido, e se for possível fazer o mínimo para avisar que não vai dar, considero isso como o cumprimento do que foi prometido. Não espero que as pessoas sejam como eu; não acho que seja pedir demais esse pedido; será que eu estou tão errado assim??? Eu não estou falando de qualquer pessoa: trata-se de amizade. Será que eu devo desconfiar sempre das pessoas? Eu costumo desconfiar somente no começo.

Ás vezes me sinto - sem fazer disso uma tragédia - uma pessoa meio amaldiçoada. Por uma maldição que me condena a sempre me magoar com diferentes pessoas pelo mesmo motivo.

Já me disseram que, quando eu percebo que todas as pessoas estão erradas e eu certo, quem deve estar errado sou eu. Já recuei em muitas coisas com base nesse toque que me deram. Mas nisso eu não posso recuar. Me escantear assim demonstra indiferença. Pode ser que meu erro seja entender isso como indiferença, ou pode ser que seja considerar essa indiferença não declarada como uma onfensa - porque magoa; mas nesse erro eu terei de persistir.


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