Divagar divagarinho

Liberdade - essa palavra que o sonho humano alimenta: que não há ninguém que explique, e ninguém que não entenda!
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30 de novembro de 2007

 

Sol na casa 8, lua na casa 5

"Neste período, que vai de 29/11 (ontem) às 20h50 a 02/12 às 5h24, a passagem do Sol pelo setor das crises pessoais pode significar um transbordamento de emoções e problemas que você tem tentado evitar nos últimos tempos, Marcelo. O Sol em trânsito pela Casa 8 entra em conflito com a Lua, sugerindo que você até deseja levar as coisas numa boa, com mais relaxamento e tranqüilidade, mas há problemas e pendências a resolver que não podem ser evitadas! O Sol neste momento pede que você não faça de conta que não existem coisas que lhe incomodam e que dê atenção a estes pontos, que jogue luz sobre eles. A Lua na Casa 5 lhe ajuda a ver as coisas com maior bom humor. A reflexão para o período é: do que eu preciso me libertar?"

Bom, podemos começar pelo sentimento de preterimento: sabe quando você é aquela pessoa que tanto faz se está lá ou não? Que pode ir se quiser, e ficar se quiser? Deve ser o que uma moeda sente dentro de um copo d'água: a água não vai transbordar com uma moeda ali dentro - a água nem vai sentir a diferença - só vai ficar muito suja. E as pessoas dizem que gostam de você. dou muito valor ao que me dizem, mas preciso ouvir isso por outros canais além dos auditivos.

Depois, podemos passar ao trabalho: você caminha muitas quadras a pé diariamente porque no local onde você trabalha não tem xerox, você precisa fazer orçamentos dos produtos mais inverossímeis com no mínimo 30 intens por vez em 6 horas, você precisa manter em dia as cópias dos formulários mais utilizados, você precisa fazer a manutenção do computador, você precisa ligar para o RH, você precisa reinstalar o anti-vírus, você precisa cortar as folhas A3 no meio para que virem A4, você precisa prender sua caneta com uma cordinha porque não existem mais canetas onde você trabalha, você precisa tomar todas as precauções possíveis e impossíveis para que as impressões saiam absolutamente perfeitas da primeira vez para não se incomodar e tem que imprimir agora já, porque a sua chefe está saindo em cinco minutos e pediu para você fazer o memorando agora.... e, de vez em quando, o que você ouve é "se fosse em outro lugar, você já teria sido demitido" na frente de todo mundo.

Chegamos, finalmente, em casa: as pessoas falam alto demais; assistem toda a grade de programação da Globo e metade do SBT e a apresentação do Pânico mais as duas reprises semanais na TV; ouvem o rádio no último volume (porque falam gritando); não deixam sobrar nada de comida para você no fim do dia; tiram suas roupas do varal, as roupas que você estendeu com todo cuidado e delicadeza para não amassarem, amassam-nas ou deixam-nas dependuradas com um só prendedor; meio-dia, quando você chega em casa com pressa para colocar a roupa na máquina, você abre a máquina com quilos de roupas e descobre que alguém colocou suas roupas para bater e a máquina já terminou de bater faz horas mas a pessoa esperava que o próximo que fosse usar fosse estendê-las, mas você não tem tempo para isso porque a água para a massa já deve ter fervido e ela fica pronta em sete minutos, e você deixa para lá, come em quinze minutos, fuma em cinco, escova os dentes vai no banheiro passa um creme passa um desodorante procura a chave encontra a chave em sete minutos e amanhã tem que lavar as cuecas no chuveiro e secar no ventilador ou atrás da geladeira; sua mãe, que ótimo, está apaixonada, lindo, mas o cara mora lá, e de vez em quando se confunde e usa - que nojo - as suas cuecas porque se confundiu no varal, e como você descobriu isso? porque quando você vai colocar descobre que caberiam dois de você dentro delas, o elástico está perdido.

Quase esqueço que eu também tenho um corpo: que não emagrece de jeito nenhum, de onde brotam pêlos por todos os lados ("todos os lados" não é força de expressão: surgem pêlos nos lugares mais impossíveis...), cuja cabeça dói constantemente, cujo estõmago está sempre embrulhado, cujos pés dóem todas as noites até que eu durma (e às vezes amanhecem já - ou ainda? - doendo), cujas costas doem (e, quando páram, basta eu me virar de um jeitinho todo especial que sempre acerto para que eu tenha a impressão de que alguém está tentando levar a minha espinha à força), fora outros detalhes realmente sórdidos dos quais não quero falar, só me livrar.

De que eu preciso me libertar?
Eu já não sei, acho que de nada. Tenho a impressão de que não há nada mais de que eu deseje me libertar, além de uma coisa. Eu começo a acreditar em destino, carma, trabalho, olho-ruim, essas coisas.
Eu estou começando, aos poucos, a perder a graça nisso tudo, a perder a graça disso tudo. Sempre achei tudo isso, no fim das contas, interessante ou engraçado. Mas mais e mais eu perco o interesse, e não acho mais engraçado essa coisa toda.
Do que eu preciso me libertar??
De mim, talvez.

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