Divagar divagarinho

Liberdade - essa palavra que o sonho humano alimenta: que não há ninguém que explique, e ninguém que não entenda!
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20 de janeiro de 2007

 

Um pouco de biologia amadora.

Vi um comentário em um blog do que estão ali em cima que, pode ser que eu tenha interpretado mal, mas que me parece ser um exemplo do pior tipo de coisa que a espécie humana consegue produzir. As espécies adaptam-se às necessidades surgidas no contexto em que vivem. Eu não sei que tipo de contexto faz com que desenvolvam-se seres calhordas. Você vê, por exemplo, gatos calhordas? Não. Você consegue imaginar um habitat em que o mais apto é o mais calhorda? Calhordice não é o mesmo que esperteza. Um ser calhorda é como um verme, um parasita nocivo dos seres de sua própria espécie. Uma pessoa calhorda é um ser repugnante. Você sente o cheiro da calhordice de longe (por isso eu posso ter interpretado mal, sou fumante e fumantes possuem narizes um pouco deficientes). E sente vontade de vomitar, e um dos melhores digestivos contra a ânsia que esse tipo de vermes provoca é analisar esse tipo de verme. Um santo remédio.


Primeira coisa sobre isso: "puta" pode ser ou não um xingamento (segundo motivo pelo qual eu posso ter interpretado errado). Conheço muitas putas que sentem-se elogiadas quando as chamam de putas (embora elas saibam quando dizem "puta" em forma de elogio, e quando "puta" é um xingamento). Você pode chamar alguém de puta, portanto, sem ofender. Mas, a princípio, você precisa ter uma certa intimidade com a pessoa para chamá-la de puta querendo elogiá-la (terceiro motivo pelo qual eu posso ter interpretado errado: vai que a criatura que eu estou classificando como verme é amiga de quem escreve o blog e eu estou xingando quem não devia - bom, aí o que eu escrever não se aplica à pessoa para quem eu escrevi, mas escreverei do mesmo jeito porque, no mínimo, isso se aplica a outras pessoas no mundo que, se conheço, já esqueci e espero não lembrar).

A seleção natural age diretamente sobre indivíduos, e somente indiretamente sobre uma espécie. Isso quer dizer que são os indivíduo que se adaptam (ou nascem melhor adaptados que outros) ao contexto em que vivem. Por isso é que eu me pergunto como a calhordice pode ser um fator de vantagem para um indivíduo na espécie humana. Posso talvez estar utilizando o termo "calhorda" de maneira errada, mas por "calhorda" quero dizer algo como "um parasita que parasita sua própria espécie de maneira nociva".
Claro que, dessa maneira, pode ser uma vantagem evolutiva ser calhorda: um indivíduo calhorda não é nada, não tem forças para sobreviver ao ambiente em que vive, nem para sobreviver ao convívio com os outros indivíduos de sua espécie. Aí ele parasita um ou mais indivíduos para sobreviver. A seleção, como eu já disse, se foca sobre o indivíduo: é a sobrevivência do indivíduo que sempre está em jogo. Por isso, talvez, seres calhordas consigam, afinal de contas, serem sucessos genéticos: parasitando outros indivíduos, eles conseguem se reproduzir e transmitir assim seus genes calhordas. Mas isso é ruim para os indivíduos parasitados.

Eu tenho sérias desconfianças sobre esta conversa de que o que importa é a conservação da espécie. Nunca vi uma mariposa lutando pela conservação da espécie. Ursos panda não movem uma palha pela conservação da espécie, quem se preocupa com isso é o Greenpeace. Os indivíduos preocupam-se com a própria sobrevivência e "sepá" (como diz minha irmã) com a sobrevivência de alguns outros indivíduos mais próximos. Preocupar-se com a preservação da espécie não é um, digamos, imperativo biológico. Somente os padres defendem isso (porque é um bom argumento para o casamento heterossexual e para a manutenção do cristianismo, afinal, é do maior interesse da igreja preservar a humanidade para que a igreja possa destruir mais pessoas, ou para que a igreja possa conduzir mais pessoas para o reino de deus, você que escolhe ver a igreja de um ou de outro modo). Claro que um indivíduo pode decidir conservar a espécie por outros motivos: por gosto, por simpatia à espécie, por acreditar que sobreviverá em sua descendência, por nada, enfim, nada de mais. Mas isso é lá com o indivíduo. O que existe de natural nesta conversa é que indivíduos existem em um ambiente - e em todo um contexto que vai além do ambiente, um contexto que compreende também o social, o imaginario, etc - e que diferentes indivíduos têm diferentes aptidões para sobreviver neste ambiente: alguns indivíduos sobrevivem ao ambiente, e outros sucumbem a ele. Portanto, o indivíduo calhorda não se salva nem com o argumento da manutenção da espécie: pois alguém poderia dizer que, sendo parasita, o calhorda, assim como as baratas, seria um dos tipos que, em caso de catástrofe ou hecatombe*, poderia manter a existência da espécie humana, pois sobreviveria. Mas é mais provável que o indivíduo calhorda acabe com a espécie, consumindo cada indivíduo até esgotar todas as suas fontes de sobrevivência. Portanto, já que a manutenção da espécie não é nenhum imperativo, nenhuma obrigação; e caso alguém decida fazer dessa manutenção uma obrigação, terá obrigação de eliminar os indivíduos calhordas. Por isso, eliminar esses indivíduos é uma solução bem atraente. Mas tem mais desvantagens do que vantagens: o indivíduo calhorda poderia, em sua calhordice, conseguir com que fossem eliminados indivíduos não-calhordas em seu lugar; também correria-se o risco de eliminar, por outros motivos, um indivíduo nã-calhorda como se fosse um calhorda; em terceiro lugar, perderíamos um equivalente humano às baratas - mas, por mais nojentos que sejam esses bichos, é uma ofensa às baratas equivalê-las a calhordas; é melhor desconsiderar esse terceiro motivo.

Tenho vários motivos para não dizer onde foi que encontrei o ser calhorda que me levou a analisar esse tipo: não pedi autorização para quem escreve esse blog para falar dele aqui; também não sei se, de repente, o comentário não foi recebido simpaticamente (eu posso muito bem ter interpretado mal - sei bem a diferença entre "puta" e "puta"); por fim, o último motivo que tenho para não dizer onde foi que encontrei a coisa calhorda é, também, a atitude mais saudável para com esse tipo de parasita: ignorar. Tive de fazer esse texto, mas eu falo aqui da calhordice em geral, e não do clahorda em particular - que bem pode não ser calhorda, afinal de contas. Ás vezes é necessário atitudes como essa de remexer na lixeira da espécie humana, como quem utiliza veneno de cobra como vacina para o próprio veneno. Mas não vou dar audiência ao calhorda em questão (tudo o que ele quer é atenção, é uma forma de parasitar os outros) nem ao seu blog. Também não vou querer que as pessoas vão visitar algum dos meus links para ver coisas calhordas - são links muito bons e existem centenas de milheres de motivos saudáveis para visitá-los, senão não estariam ali. Mas espero que esse texto ajude no trato e na lida com indivíduos calhordas. Tipo como uma referência para não se ficar doente por causa desse tipo de parasita, sei lá, ou um manual - não exaustivo - contra certas doenças.

*eu nunca entendi bem o que é "hecatombe", mas gosto da palavra e parece que ela tem algo a ver com desgraças ou coisas assim.

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