Divagar divagarinho

Liberdade - essa palavra que o sonho humano alimenta: que não há ninguém que explique, e ninguém que não entenda!

20/01/2007

 

Os maus, muito maus

Hoje eu vi um pedaço de um filme japonês antigo de lutinha (só faltou um "Querido Diário," no início dessa frase). Apesar de japonês, é estrelado por negros - mas "filme japonês antigo de lutinha" é um gênero, e será "filme japonês antigo de lutinha" mesmo que seja estrlado por Chuck Norris, Edi Murphy ou Angelina Jolie. Não conheço muito este tipo de filme. Sei que vêem na esteira de Bruce Lee, e que ficam muito engraçados com Jackie Chan. Só reconheço mais ou menos, a estética do filme, que tem aqueles quimonos parecidos com terninhos, uma escola de luta, a vaorização da honra ou qualquer valor cultivado por antigos (quaisquer que sejam os antigos, que vão desde lendários samurais até o sr. Miaggi - não sei se se escreve assim, talvez eu esteja confundindo com Maggi, ou miojo), e um grupo mau, muito mau, que oprime um grupo bom, muito bom.

O grupo mau, muito mau vai a extremos: ou se veste com roupas muito legais, ou muito debilóides. O grupo mau, muito mau do filme que eu vi era uma mistura de carnaval carioca com Mortal Kombat: penachos nas cabeças, estampas de oncinhas e coletes cheios de cortes diferentes. Sendo um grupo mau, muito mau, eles são realmente maus: humilham as pessoas mais fracas e aproveitam-se da nobreza dos nobres - que no fim do filme perdem a paciência, descem do salto e brigam.

O grupo bom, muito bom é bonzinho. Trabalham de dia e aprendem a lutar à noite. Encaram a luta como arte. Fazem daquilo um aprendizado para elevar seus espíritos aos mais altos patamares que um espírito iluminado pode alcançar sem sair do corpo nem virar Buda. Controlam suas reações, já que são verdadeiras máquinas de guerra que podem matar alguém com sua força e conhecimento (mais ou menos como a Liga da Justiça que passa no SBT atualmente). São bonzinhos.

Mas eu queria falar mesmo era dos maus, muito maus. Os maus, muito maus são muito inocentes, às vezes. O líder dos maus, muito maus adora ser adulado ("O" líder é sempre um homem - mas o líder dos bonzinhos também é). E os seguidores do líder são discípulos fervorosos, fiéis e obedientes. Amam seu líder. São inocentezinhos.

Acho isso engraçado porque, não tanto os filmes, mas esses dois grupos (os maus, muito maus e os bons, muito bons) fizeram parte da minha, sei lá, formação de vida.

Tenho diversos motivos para me indispor com coisas como igreja e exército. Mas os motivos iniciais que tive foram a identificação com esse amor fervoroso que os maus, muito maus têm pelo seu líder. O líder dos maus, muito maus é inquestionável, todo-poderoso, brabo, grita, sabe de tudo e tem necessidade de ser constantemente louvado. E eu odeio isso. Não consegui, é verdade, me identificar nunca com os bons, muito bons: eles são muito chatos. É uma vida muito tacanha ser parte dos bons, muito bons. Não estou fazendo apologia à loucuragem, à porralouquice, etc. Mas as pessoas sentem coisas, dizem "puta que o pariu" e são um pouquinho más, às vezes. Nada do tipo ir quebrar o restaurante japonês do inimigo, quero dizer. Mas levar uma vida de bom, muito bom é chato. Eu sei porque eu já tentei e tudo o que aprendi foi que existe o tédio, o Tédio, o TÉdio, o TÉDio, o TÉDIo e o TÉDIO, e mesmo o TÉDIO não é o maior nível. A vida dos maus, muito maus, também é chata, porque também é parecida com a vida na igreja ou no exército: uniformidade, uma pessoa como ideal de vida, obediência, e ilusão de ser "fodão". O máximo que um fodão consegue é ser um "fofão" - trocadilho forçado, mas eu tenho essa mania besta. Desculpem, fico até sem jeito.

Mas os maus, muito maus - voltando a eles - são a coisa mais dvertidas desses filmes, hoje em dia, para mim. Porque são patéticos. Os bonzinhos são voluntariamente patéticos. Mas os maus são descolados, são super, são "fodões". E tudo o que conseguem realmente ser é patéticos.

Pode ser que pensar assim seja uma auto-crítica, ou algum tipo de vingança contra pessoas do meu passado (se você tiver uma abordagem psicanalítica do que eu disse, guarde-a para si, detesto psicanálise). Mas que eu me divirto, eu me divirto.

Aí eu penso: "mas esse filme está muito tosco", e troco de canal. Paro na novela O Profeta, quando uma cabeça (sim, somente a cabeça) conversa com a personagem principal (uma loirinha que apanha do marido) e diz a ela que ela deve cuidar muito bem da criança, porque esta criança vai trazer luz ao mundo, enquanto que ela, a personagem, está sentada, acariciando a barriga em um misto de congestão e felicidade, e os efeitos especiais toscos da Globo colocam um brilho saindo da barriga dela - o mesmo brilho, aliás, que circunda a cabeça falante. Em primeiro lugar, essa conversa de "filho que vai trazer luz ao mundo" tem, no mpinimo, dois mil anos de idade, e eu não acredito que ainda não tenham enjoado desse roteiro - ou será que esta novela é uma forma moderna de contar a vida de Jesus, o Profeta? Em segundo lugar, nada do que uma cabeça flutuante me fale eu vou acreditar. Imagine: eu estou em casa, e aparece uma cabeça falando comigo!! Ou eu corro, ou eu tenho um acesso de riso. Ou eu cumprimento: "E aí Cabeção!!".
Prefiro voltar ao filme de lutinha, onde o cara mau, muito mau, agora lança raios... Quem dera eu lançasse raios, para usar meus superpoderes nessas redes de TV chatas e sem criatividade e graça nenhuma.

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