Divagar divagarinho

Liberdade - essa palavra que o sonho humano alimenta: que não há ninguém que explique, e ninguém que não entenda!

30/12/2006

 

Não sei que título dar a isso.

Eu deveria ser mais forte. Mais capaz de s´portar não te ver. Em um horóscopo de um dia desses, li uma pérola, que aconselhava a aproveitar a emoção de não saber se a pessoa amada apareceria ou não. Que grande besteira! Se alguém um dia lhe disser que é muito bonita essa incerteza, essa espera, essa ansiedade que pode culminar ou em alegria, ou em frustração, mate-a! Ou mande-a calar a boca, caso você seja uma pessoa mais civilizada. Porque isso não é conselho que se dê, isso não é coisa que se diga. Uma pessoa que diz uma coisa dessas ou nunca precisou esperar ninguém, ou agora não precisa mais.
É muito fácil não ter medo do escuro quando é o sol está a pino.
Mas, de qualquer maneira, eu deveria ser mais forte. Deveria ter a força que tenho quando estou junto de... X (muito criativo). Deveria ser alegre longe desta letra como sou junto dela. Deveria ser alegre, e não ficar alegre por ela. Força, alegria, leveza, vontade de dançar, de falar, deveriam fazer parte de mim, e não somente o resultado de estar com X.
Mas tudo o que sinto é um aperto no coração. Medo de não ver esta letra mais. De descobrir que ela foi para outro estado, outra cidade, outro bairro. Que prefere andar com outras pessoas, que cansou da minha companhia, que não tem mais tempo para... nós (neste caso, "nós" = entidade metafísica sem existência concreta ou pública; devaneio; delírio; loucura; sonhos de uma noite que nunca houve).
Tenho medo longe de X. É interessante, até. Nunca tive muito medo. Não que não conheça o medo (também não tenho nada de Chuck Norris, que não conhece o medo, e já contou até o infinito - duas vezes). Mas passei a conviver com um tipo de medo quase insuportável.
Talvez o medo seja uma antecipação mental do perigo. Tipo, você ouve um tiro, mas não levou um tiro; então, sente medo de levar um tiro. Você projeta uma consequência de determinada configuração de fatos presentes. Podem haver outras consequências (como nennhum tiro acertar em você, ou já terem parado de atirar), mas você se prepara para evitar a consequência pior, qie seria levar um tiro.
Mas, neste caso, a consequência pior está acontecendo e pode acontecer ainda. Estar distante de X já é um fato. E pode acontecer que eu me mantenha por mais tempo distante de X. Esse é que é o problema. Não estou antecipando uma consequência, mas tenho medo de que a configuração de fatos deste momento se mantenha. Para os outros medos, para as outras consequências, me preparava, e procurava não tanto em evitar, mas sim em ter meios de reagir. Para este medo, que não é somente uma projeção, já que já é um fato, e o que existe de projeção, neste caso, é a possibilidade da manutenção, do prosseguimento deste fato; para este medo, não sei como, não tenho como reagir, a não ser encontrando X. O pior que pode acontecer é tudo ficar como está agora.
Saudades apenas. E que ninguém venha me dizer que "é a palavra mais bonita da língua portuguesa".

...

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