Divagar divagarinho

Liberdade - essa palavra que o sonho humano alimenta: que não há ninguém que explique, e ninguém que não entenda!
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10 de dezembro de 2006

 

Momento Deprê

O que seria de um blog sem um momento de depressão, em que se chora as mágoas por todos aqueles problemas universais, mais antigos do que mijar pra frente (como diz uma amiga minha, mas ela dizendo é mais engraçado - e agora não pode ter graça, pq este é um momento deprê), que são fáceis de ser resolvidos apenas com uma mudança de atitude, com um bom banho ou uma boa noite de sono, mas que, mesmo assim, continuam atormentando os seres humanos em seus mais brilhantes momentos de coitadismo e auto-piedade?
O que seria de um blog sem alguns posts de lamentação (afinal, pertencemos a uma sociedade judaico-cristã, e, no que diz respeito à parte judaica, temos que ter um muro das lamentações - uma prezadíssima colega de blogger, muito simpática e com dois blogues muito legais [procure-a nos comentários, é a única pessoa que comentou além de mim e acabou com a minha invisibilidade :)], comentou que gostamos muito de nos comparar com os gregos, e gostamos mesmo, mas esqueçemos de compararmo-nos com a civilização judaica, e, eis aqui, minha contribuição para a diversidade de civilizações com as quais podemos nos comparar)?
Afinal, o que seria um mundo sem problemas? Mesmo que sejam os problemas mais toscos; vejamos: existem pessoas homo ou bissexuais, e existem as homofóbicas (e esqueceram de falar nas pessoas fóbicas do bi); assim, eu, que fiz um blog, acabo precisando participar de uma campanha anti-homofóbica digital e colocar banners piscantes em meu blog, que NÃO seriam necessários se as pessoas homofóbicas não fossem tão influentes no mundo (este foi um problema tosco). Existem os problemas mais requintados: será ético comer animais? E as plantas, então? A única opção que não nos traria qualquer problema ético seria se pudéssemos viver de luz; como precisamos de coisas orgânicas, precisamos comer bichos e alfaces mortas e arcar com os questionamentos éticos - sempre depois do almoço, claro (este foi um problema requintado). E existem os velhos problemas de sempre, as velhas depressõezinhas que atormentaram gerações e gerações (às vezes, rendendo bons poemas) e que, por mais fácil que seja a solução, mesmo assim dificilmente são solucionadas ("dificilmente são solucionadas" tanto quer dizer que muita gente não soluciona quanto quer dizer também que quando são solucionadas, muitas vezes são solucionadas com dificuldade), e são nesses probleminhas, nessas picuinhas emocionais e existenciais sem maiores relevências, sem grandes novidades, sem maior interesse literário, filosófico ou científico, são nesses quase pseudo-problemas que inclui-se este post-deprê.
Se você está em um momento feliz e/ou sensibiliza-se com a depressão alheia a ponto de estragar seus dias ou alguns de seus momentos graças a essa sensibilidade, recomendamos expressamente que procure outro post neste blog, outro blog (neste caso recomendamos o da coleguíssima que comentou aqui - depois eu procuro o endereço para o alento das pessoas preguiçosas que não se darão ao trabalho de vasculhar os comentários para achar), outra atividade na internet (vá ver seus e-maisl, entrar no ókutchi, num chat, baixe um ebook, um programa legalzinho - o Baixaki está aí prá isso mesmo) ou alguma atividade fora da Internet (vá namorar, passear, pescar, ler um livro, ver TV, dançar, ver o sol, qualquer coisa), mas que não leia os tenebrosos escritos que virão a seguir. Não nos responsabilizamos pelo possível deprimente efeito que possam causar.

Agora sim, o muro das lamentações.

A) se você está mal, serão infinitamente pequenas as chances de que apareça alguém para ajudar.
B) se você está mal por causa de uma pessoa devido a sua incapacidade de dizer a ela o que você sente por ela/quais expectativas você possui por ela, serão infinitamente grandes as chances de que seja justamente ela que esteja ao seu lado - e, ainda por cima, que você ache os momentos em que esta pessoa passou ao seu lado, indiferente aos seus sentimentos que de qualquer maneira ela não conhece, momentos maravilhosos e guarde-os no fundo do coração até serem comidos pelas traças.
C) se você está carente, é mais provável que fique ainda mais carente.
D) quando você está confiante em si e não precisa de ninguém à sua volta, as pessoas todas aparecem.
E) quando você olha no espelho e vê algo que apenas por distantres semelhanças se parece com você em seus dias de mais radiante beleza, qualquer desconhecido na rua lhe olhará com mais nojo do que você quando se viu no espelho.
F) quando você olha no espelho e fica pensando "se tu não fosse eu a gente se casava", as pessoas em volta lhe olharão concordando.
G) quando você se apaixona por alguém, essa pessoa já está G1) apaixonada por outra pessoa, G1.2) e ainda por cima não é correspondida, sofre com isso e você com ela; G2)desiludida com o amor e não quer nada com você, G2.2)desiludida com alguém do mesmo sexo q você e desconta o que passou nas mãos dos outros em você que nem sabia de nada e nem sequer desconfiava do mal que era capaz por causa do formato do que quer que você tem entre as pernas; G3)está com outra pessoa, G3.1) e é uma pessoa monogâmica; G4)simplesmente não quer nada com você. Ainda não me apaixonei por ninguém que tenha morrido dois dias depois de nos conhecermos, mas também era só o que me faltava.
H)Se você é uma pessoa calada ninguém vai estranhar seu silêncio estranho.
I) Ninguém vai perguntar "o que houve?"
J) qualquer manifestação de carência será mal-interpretada
L) somente as pessoas que você não suporta demonstrarão alguma atenção e lhe oferecerão afeto L1)isso somente piorará seus sentimentos de desgraça
M)seu horóscopo estará M1)horrível ("dia péssimo para relacionamentos, melhor nem sair da cama"), M2) incompreensível ("entre em contato com o eu cósmico que fecundou a Terra em seu alvorecer meridional"), M3) sem relação nenhuma com seu momento ("dia propício para investir em imóveis") ou M4) errado ("hoje você está feliz e disposto, a pessoa amada lhe retribuirá todo seu carinho)
N) você não percberá o quanto suas atitudes e sua disposição estão sendo tolas, infantis, adolescente e imaturas (coisa que você pecebe com facilidade nos outros quando você está bem porque tem dificuldades em olhar para o próprio rabo)

Como o assunto é depressão, e depressão por causa de amores, com pitadas de probemas no trabalho e na faculdade, vamos radicalizar.
Mas radicalizaremos cientificamente, pois além de greco-judaico-cristã, somos uma civilização científica e racional.
Existem três tipos de suicidas:
1)os que se matam
2)os que se mataram
3)os que não se matam.
Na categoria três, na qual eu me incluo, podemos identificar outras subdivisões:
3.1)os que somente querem atenção
3.2)os que acham isso bonito
3.3)os que somente pensam em se matar para aumentar sua auto-comiseração, pensando que ninguém sentiria profundamente sua falta (o que os aproxima do pessoal da categoria 3.1).
Nesta categoria 3.3, novamente a minha, podemos encontrar mais subdivisões (a ciência é foda):
3.3.1)os carentes
3.3.2)os sem auto-estima disfarçados (pois se auto-estimam muito mas querem que os outros digam que também os estimam)
3.3.3)os coitados
Estas três últimas sub-categorias carecem de maior análise, pois são muito semelhantes entre si e parece que me incluo nas três. Embora o faça com algumas reservas, cogito enquadrar-me na categoria 3.3.2, mas, como dissemos, necessitamos de pesquisas e estudos poreriores.
Veja só o quão profunda foi a análise realizada. Conseguimos categorizar o suicida de maneira quase exata, e pudemos me colocar, embora com reservas, em uma categoria específica. É muita exatidão, muita cientificidade no ar.
Necessitamos de categorias muito bem categorizadas listas muito bem organizadas: você somente pode ser uma pessoa gorda ou magra; branca ou preta (quiçá amarela ou pele-vermelha); alta ou baixa; feliz ou infeliz; homo, hetero ou bissexual (ainda podendo ser trangênera ou não, operada ou não, travesti, crossdresser ou transformista; sem esquecer das pessoas panssexuais, sadomasoquistas, passivas ou ativas, uau!); mulher ou homem; criança, adulta, adolescente ou idosa; incrível!!! Você pode combinar diferentes categorias e assim formar sua personalidade; e mais ainda!!!: você terá, enquadrando-se em diferentes categorias (nota rápida: cada categoria terá diferentes opções, como hetero, bi ou homossexual; homem ou mulher; ter TDAH ou não; você não poderá contemplar-se com duas opções da mesma categoria, pois são auto-excludentes, mas pode, como dissemos antes, combinar diferentes categorias), enfim, colocando-se em diferentes categorias, você terá a possibilidade de ser absolutamente!, completamente!, grandiosamente original!, sem precisar se preocupar com nada, bastando seguir o modelo previamente colocado (você sabe o quanto será original tendo que administrar diferentes categorias de si, realizando combinações nunca dantes sonhadas pela vã filosofia). E tem mais ainda (glória, oh! glória à ciência): caso você não se enquadre em categoria alguma, a boa sociedade greco-judaico-racional-científico-cristã terá o prazer de lhe enquadrar em alguma e exigir atitudes coerentes com a categoria na qual lhe colocou! Viva! Palmas a nós, ápice da evolução.

Para piorar sua depressão, você descobrirá que o post mais longo é o mais depressivo. Você somente alcança prolixidade quando sofre.
Em meio a toda insegurança possível, você ainda pensa em um raro elogio que recebeu e se pergunta: será que pelo menos escrevi bem? ;)
Ops, este post é depressivo
;(

Comments:
Sim, você escreveu MUITO BEM!
Tchau
 
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