Divagar divagarinho

Liberdade - essa palavra que o sonho humano alimenta: que não há ninguém que explique, e ninguém que não entenda!
Visite:  ||  Instituto Humanitas Unisinos - IHU.  ||  Religión Digital  ||  Site do Vaticano  ||  Agencia Informativa Latinoamericana S.A.  ||  Radio Reloj  || 
Creative Commons License Powered by Blogger

Arquivo de postagens: dezembro 2006   janeiro 2007   fevereiro 2007   março 2007   abril 2007   maio 2007   junho 2007   julho 2007   agosto 2007   setembro 2007   outubro 2007   novembro 2007   dezembro 2007   janeiro 2008   fevereiro 2008   março 2008   abril 2008   junho 2008   julho 2008   agosto 2008   setembro 2008   outubro 2008   novembro 2008   fevereiro 2009   abril 2009   maio 2009   fevereiro 2011   março 2011   junho 2011   março 2017   abril 2017   maio 2017   junho 2017   outubro 2017   abril 2018   agosto 2018   setembro 2018   janeiro 2019   abril 2019   maio 2019   junho 2019   setembro 2019   novembro 2019   dezembro 2019   janeiro 2020   fevereiro 2020   julho 2020   agosto 2020   setembro 2020   outubro 2020  



27 de dezembro de 2006

 

Existem sacos que merecem ser puxados


A) Não pedi autorização da autora para copiar.
B) Espero que ela não fique brava, caso descubra.
C) Existem textos dos quais eu morro de inveja (veja bem, dos textos), e os quais eu gostaria muito de ter sido a pessoa que escreveu, a pessoa que teve a idéia, enfim, são tão bons que gostaria que fossem meus (quer dizer, são raros textos que conseguem me expressar, por mais que não tenha sido eu quem tenha escrito), e de qualquer maneira eu os cito, eu reflito sobre eles, os reconstruo e esqueço para lembrar de novo um dia; são coisas como todo O Segundo Sexo, todo o Mil Platôs, todo o Anti-édipo, muitos poemas de Cecília Meireles, muitos de Fernando Pessoa, algumas músicas da Graforréia Xilarmônica, toda a Geneaolgia da Moral, enfim, e mais alguns outros, dentre eles, esse aí debaixo.
E) estou me controlando para não mentir e dizer que fui eu quem fiz.
F) Mas, no fim, eu sempre me controlo.
G) E talvez você prefira ver o texto direto no blog da menina, o que eu recomendo, assim como recomendo também que leia o resto: http://orquideavioleta.blogspot.com/



26.12.06

Não, eu não sou discreta.

por Orquídea

Eu não sou discreta. E não quero ser. Sou feliz assim, com um "gay" escrito na testa. Namorando no shopping, comprando presentes de Natal com a namorada. Passando o Natal com a família da namorada. Andando de mãos dadas. Me sinto normal assim. Por que deveria ser diferente? Homens beijam mulheres em público. Eu também quero beijar a minha.
.
Logo que minha mãe me assumiu para tios e tias, ela ouviu uma enxurrada de "fale para a Orquídea ser discreta, afinal, o mundo é cruel!". Mais cruel, para mim, é perder minha vida me escondendo. Escondendo o que sou para o mundo. Escondendo a verdade de mim mesma.
.
O Amor deve ser celebrado, dignificado. Não oculto e vergonhoso. Eu amo, assim como tantos outros amam, e beijam, abraçam, trocam carinhos. Eu também quero trocar carinhos. Por que isso me é negado?
.
Desconsiderei os apelos de meus tios. Se é para sofrer com o preconceito, prefiro que ele seja esfregado na minha cara. Não agüentaria a sensação de sufocamento ao saber que todos presumem, falam mal pelas costas, riem de mim, sentem pena do meu "desvio". Eu não tenho um desvio. Eu estou bem desse jeito, e quero que todos saibam disso.
.
Lésbica? Sim, eu sou. A única da família, mas isso não me deixa tímida. Isso me dá coragem para vestir a roupa de "diferente", "sapatão", "esquisita", o que mais quiserem. Desde que saibam. Desde que eu diga, na cara deles, que essa é a vida que eu escolhi para mim, e eu a amo. Não a trocaria por nada, nem por um homem, nem por um casamento, nem por aceitação social. Eu adoro o mundo gay. Eu adoro amar outra mulher. Eu adoro me sentir livre de padrões heterossexuais. Eu adoro as baladas gays. (os héteros são normais e chatos, pra mim. entediantes.) Eu adoro a bandeira do arco-íris.
.
Eu gosto da subversão, do inverso, do inusitado. Quero quebrar as correntes que me prendem num gênero único e certinho: "você é mulher, usa salto, gosta de cor-de-rosa, sonha em casar de branco e ter filhos loirinhos". Eu quero gritar a todos que eu existo, assim como tantas outras, e que nós somos felizes assim. Que nós somos normais. Para que um dia não exista mais armário nem militantes, apenas igualdade e respeito.
.
Mas isso não acontecerá se formos todos discretos. Invisíveis. Inexistentes. A sociedade nunca mudará se nós continuarmos escondidos, marginalizados, desconsiderados. Seremos sempre a minoria negada, facilmente jogada para debaixo do tapete. Apagados dos livros de história.
.
Quero aparecer, quero mostrar que existo, e quero dar a cara à tapa: quem tiver algum problema comigo que fale na minha frente, pois eu assumo o que sou para você. Por que isso te incomoda? Não vou ser discreta. Quero abalar as estruturas. Quero derrubar os preconceitos. Quero que as pessoas se sintam incomodadas, afinal, quem sabe assim elas olham para além de seus próprios umbigos. Quero uma revolução. Não vou me esconder.
.
E quem tiver essa flama acesa dentro de si, tome a dianteira também. Vá para a linha de frente, alguém tem que fazer esse papel. Assuma. Lute contra seus próprios medos e preconceitos, eles nos matam mais que os externos. Seja você. Contagie outros a sua volta. Liberte-se. Vamos mostrar ao mundo a que viemos - e não, eu não vim ao mundo a passeio, nem para jogar minha vida no lixo enquanto outros aproveitam as suas. Quero amar, ser amada, ser respeitada, ser normal. E para isso faço minha parte. Você já pensou em como pode fazer a sua?

Comments:
=)

Obrigada por ter se controlado.

Vamos trocar e-mails ou msns?
 
Postar um comentário



<< Home