Liberdade - essa palavra que o sonho humano alimenta: que não há ninguém que explique, e ninguém que não entenda!
Há pouco tempo eu tentei - e logo desisti de - tentar virar um escritor freelancer. Uma pessoa precisa saber reconhecer tanto suas habilidades quanto suas incompetências, e eu precisei admitir a minha incapacidade.
Veja bem: eu não escrevo mal. Mas não tenho a capacidade de fazer com que coisas desinteressantes se tornem interessantes - para ser mais preciso, o que eu não tenho é a capacidade de fazer com que coisas desinteressantes pareçam interessantes, e acho que isto é um mérito meu (o que não desmerece a capacidade de fazer isto em quem a tem).
É claro que tudo pode ser aprendido, a persistência é a mãe da competência, etc., mas eu quero respeitar certos limites que, mesmo sabendo que posso ultrapassá-los, mesmo assim eu desejo permanecer dentro deles.
A minha desistência se fundamenta em eu não gostar de ser atraído web afora por textos com manchetes que despertam a curiosidade mas não vão além da própria manchete; em eu ter me cansado de buscar informações sobre um assunto e encontrar desde divagações aleatórias sobre ele até divagações acompanhadas de links onde poderiam haver informações sobre as informações que eu procuro; em eu ter me cansado de ler verdadeiras acrobacias literárias que tentam me despertar alguma emoção nobre (e não conseguem) enquanto anúncios do Google pedem cliques desesperadamente ao redor e no meio do texto... há sites que parecem a feira do Ceasa ou a 25 de Março na véspera do Natal, mas sem a vida e sem a graça que tem na bagunça enlouquecedora do Ceasa ou da 25 de Março.
Eu preciso me comprometer com as palavras que eu escrevo, e embora eu possa aprender a passar por cima disso, não sou nem quero ser um F-15 para passar por cima.